Mangalarga Paulista é a designação popular dos cavalos da raça Mangalarga, raça de origem brasileira. O termo faz referência à sua origem no Estado de São Paulo e busca diferenciá-lo de outra raça nacional, a Mangalarga Marchador, popularmente conhecida como Mangalarga Mineiro.
Dono do famoso slogan "O Cavalo de Sela Brasileiro", o Mangalarga possui uma história de mais de duzentos anos, que tem começo com a chegada da família real ao Brasil em 1808. Naquela ocasião, o Príncipe Regente Dom João VI presenteou Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, com alguns reprodutores portugueses originários da coudelaria Alter-Real
O barão instalou esses cavalos em sua fazenda, a Campo Alegre, localizada no município de Cruzília, na região limítrofe entre o sul de Minas Gerais e o Estado de São Paulo. Logo os garanhões portugueses passaram a ser utilizados nas éguas da fazenda, originando os indivíduos que se tornariam os formadores das raças equinas do Sudeste brasileiro, em especial a Mangalarga.
Por volta de 1812, parte dos animais originados desse cruzamento migrou para o Estado de São Paulo, levada por Francisco Antônio Junqueira para a Fazenda Invernada, propriedade pioneira na região de Orlândia. Considerado o grande selecionador e formador do Mangalarga, Capitão Chico era um caçador apaixonado e devorador de léguas, que exigia o máximo de seus cavalos, procurando que conciliassem características antagônicas como ser galopadores de fôlego e marchadores incansáveis. Utilizando os animais nas caçadas ao veado, que se constituíram numa importante ferramenta de seleção da raça, Capitão Chico exigiu que os equinos adquirissem novas qualidades para se adaptar à geografia do nordeste paulista, bastante distinta da existente no sul de Minas.
Segundo Eduardo Diniz Junqueira, autor da obra “Evolução do Cavalo Mangalarga”, os campos e cerrados da região, situados em espigões de ondulação bastante moderada e aberta, exigiam dos caçadores um esforço equestre dobrado, sob o risco de perderem o toque. Aos poucos, os cavalos esquipadores foram sendo postos de lado e os de tríplice apoio cederam lugar aos de apoio diagonal. Estava posto o dilema do cavalo de andar macio e, ao mesmo tempo, galopador. De um lado a destreza e, de outro, o hábito de cavalgar sentado. Nascia o cavalo do peão e do patrão, bom tanto para o trabalho na lida da fazenda como para o esporte e o lazer.
Entretanto, foi apenas a partir de 1928 que a raça passou a se organizar efetivamente. Naquele ano, o zootecnista Paulo de Lima Corrêa, após um profundo estudo, lançou as bases da caracterização do cavalo Mangalarga, entusiasmando outros criadores, que se reuniram em uma comissão, com o objetivo principal de padronizar a seleção da raça. Após muitas reuniões e seis anos de trabalho, o grupo de pioneiros realizou uma assembleia para fundar a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM). Realizada na tarde de 25 de setembro de 1934, na capital paulista, a solenidade marcou o início das atividades de uma das mais pujantes entidades rurais do País.
Desde então, a ABCCRM vem imprimindo orientações para o melhoramento e a seleção do Mangalarga, objetivando enquadrá-lo no conceito atual do moderno cavalo de trabalho e esporte, mas mantendo as características peculiares à raça, principalmente no que se refere ao seu andamento característico, a marcha trotada. Atualmente, a ABCCRM é presidida pelo executivo Mário A. Barbosa Neto.
Marcha Trotada
O Mangalarga reúne todas as qualidades desejadas em um cavalo de sela, como: docilidade, versatilidade, rusticidade, resistência e boa morfologia. No entanto, o grande diferencial desta raça genuinamente brasileira está no seu andamento, a marcha trotada. Afinal, é esta característica que permite ao Mangalarga conjugar a agilidade dos equinos de trote com a comodidade dos animais marchadores.
Exclusiva do cavalo Mangalarga, a marcha trotada pode ser definida como um andamento diagonal, bipedal de dois tempos, que diferencia-se do trote porque tem um tempo ínfimo de suspensão entre os apoios, justamente o mínimo necessário para que se processe a troca dos mesmos. Vem desta particularidade a comodidade e o pouco atrito deste andamento, conhecido também por ser altamente progressivo e regular.
Trabalho, esporte e lazer
Essas qualidades proporcionam ao Mangalarga uma grande aptidão tanto para o trabalho como para o esporte e o lazer. Nas fazendas, seu andamento e bom temperamento são características muito apreciadas pelos peões, pois possibilitam que a lida seja realizada de uma forma ágil e eficaz, com um menor desgaste tanto para o cavaleiro como para a montaria. Já nas provas de enduro de regularidade, a raça é admirada por seu ritmo progressivo e regular, enquanto nas disputas de maneabilidade e team penning são a sua agilidade e a sua destreza que encantam os competidores.
A cavalgada, por sua vez, é a principal atividade de lazer relacionada ao Mangalarga. Cômoda, dócil e rústica, a raça vem conquistando um espaço cada vez maior nesses passeios equestres em que o espírito competitivo cede lugar ao convívio com a natureza, com o cavalo e especialmente com os amigos e com a família.
A raça possui ainda um agitado calendário de eventos, que inclui exposições, cursos, provas de andamento, disputas esportivas e leilões. O Circuito de Exposições, que realiza cerca de 30 mostras anualmente, passando pelas cinco regiões do País, e a Copa de Andamento, criada especialmente para valorizar a marcha trotada e responsável por doze provas ao longo do ano, são os principais destaques da agenda mangalarguista
Fonte: ABCCRM,Wikipédia, Google Imagens